Luís Augusto Cassas
(Brasil, 1953)

 

POEMA DE LAS GRANDES TRANSFORMACIONES
(Arcano 13)

 

La primera vez
que la muerte pasó por mi vida
me cayó por tierra
la corona del imperio, un cetro de orgullo,
un castillo de vanidad.
Y fui quedando más ligero
del peso enorme de la vida.
La segunda vez
que la hoja de la muerte pasó por mi vida
me cortó los brazos
y todo el cariño me huyó entre los dedos.
Y fui quedando más libre
del enorme peso de existir.
La tercera vez
que la hoja de la muerte pasó por mi vida
me cortó las piernas
y aprendí a caminar con los propios pasos
y fui quedando más libre
del eterno peso de existir.
La cuarta vez
que la hoja de la muerte pasó por mi vida
me rasgó el horizonte del corazón
y todas las estrellas del futuro
cayeron a los pies.
Y fui quedando más suelto
del pesado fardo del ser.   La enésima vez
que la muerte pasó por mi vida,
ya estaba podado
de casi todos los excesos de ego.
Separado lo denso de lo sutil,
Reducido al la esencia del ser.
Y fui uedando más leve
del aéreo peso de la vida.
La última vezque la muerte pasó por mi vida,
me amputó el pescuezo y la esperanza.
Mi cabeza rodó por los campos de toda memoria.
Estaba libre de todo exceso de materia
y comencé a vivir.

 

(De O retorno da aura)
POEMA DA GRANDE TRANSFORMAÇÃO
(Arcano 13)

 

A primeira vezque / a Morte passou pela minha vida, / caíram-me por terraa  / coroa do império, o cetro do orgulho, / o castelo da vaidade.E fui ficando mais levedo / enorme peso da vida./ A segunda vez / que a lâmina da Morte passou pela minha vida, / cortou-me os braços / e todo o apego fugiu-me por entre os dedos. / E fui ficando mais livredo  / enorme peso de existir. / A terceira vez / que a lâmina da Morte passou pela minha vida, / cortou-me as pernas / eaprendi a caminhar com os próprios passos. / E fui ficando mais livredo / eterno peso de existir. /  A quarta vez / que a lâmina da Morte passou pela minha vida, / rasgou-me o horizonte do coraçãoe / todas as estrelas do futuro / caíram-me aos pés. / E fui ficando mais soltodo pesado fardo de ser.A enésima vez / que a Morte passou pela minha vida, / já estava podadode / quase todos os excessos do ego. / Separado o espesso do sutil, / reduzido à essência do ser. / E fui ficando mais levedo / aéreo peso da vida. / A última vezque a Morte passou pela minha vida, / decepou-me o pescoço e a esperança. / Minha cabeça rolou pelos campos de toda memória. / Estava livre de todo o excesso da matériae /  comecei a viver.

 

OBITUARIO DE LOS POETAS

 

Antonio Shelley de Rio Branco de los Guimarães Athenas. De traumatismo encefálico craneano. Desempolvando los libros de su biblioteca, las obras completas de Mario de Andrade le cayeron en la cabeza. A.Y.J.J.Z. Poeta espiritualista. El mayor de su generación. Psicografiaba los poemas con plumas bic y los vendía en los días libres, acompañado de 1 kg de tomates. Atropellado por un camión cargado de patatas. Fabio Lux. Declamador apoplético y autor extraordinario. En un recital en el que declamaba O Guesa, de Sousândrade, se le reventó la yugular.
José Antonio Azeviche, pseudónimo de Adélia Bombril. Especialista en sonetos a la moda escocesa y vida literaria de William Shakeaspere. Poeta inédito, sus escritos no fueron localizados. De disgusto ante la negativa de todas las editoriales para publicarlo. Violeta Vilma. Poetisa revolucionaria. Iniciaba sus poemas de manera originalísima, por los últimos versos. Asesinada por el amante a quien dedicó toda su extensa obra. Con seis tiros de escopeta.Maurício Sampaio. Poeta maldito. El Rimbaud del Siglo XX.  Borracho, confundió   absinto con Formicida Tatu. De sobredosis. Celso Jorge. De mordedura  de  serpiente. En la sesión solemne en que tomaba posesión en la Academia,  la víbora se  escondió en el uniforme y le mordió el pescuezo en el instante en que recibía la medalla. Velorio en la Academia. 
Bóris Horroroso. Amante de la  poesía  satánica  y  cantor de las profundidades de lo oculto. Escribía con plumas de urubú. Encontrado rindo, con la boca llena de hormigas. Causa desconocida.Luciano Marx. Poeta politizado. Puso su arte al servicio de los oprimidos y de la estética del proletariado. Viciado en puros cubanos y vodka ruso. De estrangulamiento, por el barredor de la limpieza pública. Después de amarrarlo, le escupió en el rostro.
Felismino Homero. Acariciaba el sueño de escribir el mejor poema de aliento de la Humanidad, utilizando técnicas de intertextualidad y superando a Dante, Camões y  Kazantzakis. “Un buceador del alma”. De ahogamiento, en el pozo de un vecino.Eugenio  de  Andrade. “El último  poeta  brasileiro”,  en la  expresión del New York Times. Poeta concreto,  neo-concreto  e introductor  del  cálculo  actuarial en la poesía. Sus poemas se caracterizaron por la concretud de formas y contabilidad de las normas. En el derrumbe de un viaducto, ayer. Lulu Diamante. Grafitero de bañera. Se suicidó, a la moda Iessienin, después de ser abofeteado por la enamorada dark. Deja  en  su  testamento 100 tubos  de  spray  rojo  para Susy, musa de los devotos de São Gonçalo.Luca  Lírio. De la  generación  marginal.  Por descarga  eléctrica en una oreja, cundo ligaba de madrugada para Reina de Inglaterra, al cobrar.Ernestino Calcutá. Papa del pos-surrealismo. Emocionado al ser reconocido por un chofer de taxi que le pedió autógrafo, en la Ladeira de Pelourinho. Parada cardiaca.Simão, o Sujo. Poeta porno. Coleccionaba  pelos femeninos,  dedicando a sus ex-propietarias, eróticos poemas. De un navajazo, por  una  prostituta  que lee cortó el  miembro con su propio instrumento de trabajo.

 

( De Rosebud).

 

OBITUÁRIO DOS POETAS

 

Antonio Shelley do Rio Branco dos Guimarães Athenas. De  traumatismo encefálico-craniano. Espanando os livros de sua biblioteca,  as   obras   completas  de Mario de Andrade caíram-lhe na cabeça.A.Y.J.J.Z.    Poeta   espiritualista.   O   maior   de  sua  geração. Psicografava  os  poemas  com canetas bic e  os   vendia   nas   feiras  livres, acompanhado de 1 kg de tomates.  Atropelado  por  um caminhão carregado de batatas.Fabio Lux. Declamador   apoplético e autor extremado. Num  recital em que declamava O Guesa,de Sousândrade, a jugular estourou.José Antonio Azeviche,   pseudônimo de Adélia Bombril. Especialista em sonetos à moda escocesa e vida literária de William  Shakespeare.  Poeta   inédito,  os  seus  escritos   não   foram   localizados. De desgosto, ante a recusa de todas as editoras em publicá-lo.Violeta Vilma. Poetisa revolucionária. Iniciava seus  poemas de  maneira  originalíssima,  pelos últimos versos. Assassinada pelo amante a  quem  dedicou  toda  a  sua  extensa obra. Com seis tiros de escopeta.Maurício Sampaio. Poeta maldito. O Rimbaud do Século XX.  Embriagado,  confundiu  absinto com Formicida Tatu. De overdose.Celso Jorge. De picada  de  serpente. Na  sessão  solene  em  que  tomava posse na Academia, a áspide  escondeu-se  no  fardão  e  picou-lhe o  pescoço  no instante em que recebia o colar. Velório na Academia.Bóris Horroroso. Cultor  da  poesia  satânica  e  cantor das profundezas do oculto. Escrevia com penas de urubu. Encontrado, rindo, com a boca cheia de formigas. Causa desconhecida.Luciano Marx. Poeta engajado. Colocou a sua arte a  favor  dos  oprimidos e da estética do proletariado. Viciado  em  charutos  cubanos  e  vodca  russa. De  estrangulamento,  pelo  varredor da    limpeza pública. Após o ato, cuspiu-lhe no rosto.Felismino  Homero. Acalentava  o sonho de escrever o maior poema de fôlego da Humanidade, usando  técnicas  de  intertextualidade  e  superando  Dante, Camões  e  Kazantzakis. “Um mergulhador da alma”.  De afogamento, no poço do vizinho.Eugênio  de  Andrade.  “O último  poeta  brasileiro”,  na  expressão no New York Times. Poeta    concreto,  neoconcreto  e  introdutor  do  cálculo  atuarial na poesia. Seus poemas caracterizavam-se   pela   concretude de   formas e contabilidade das normas. De  desabamento de um viaduto, ontem.Lulu Diamante. Grafiteiro de banheiro. De suicídio, à moda Iessienin, após  ser esbofeteado pela namorada  dark. Deixa  em  seu  testamento 100 tubos  de  spray  vermelho  pra Susy, musa dos esgotos de São Gonçalo.Luca  Lírio. Da  geração  marginal.  De  descarga  elétrica de um orelhão, quando ligava de madrugada pra Rainha da Inglaterra, a cobrar.Ernestino Calcutá. Papa do pós-surrealismo. Emocionado ao ser reconhecido por um motorista de táxi que lhe pediu autógrafo, na Ladeira do Pelourinho. Parada cardíaca.Simão, o Sujo. Poeta pornô. Colecionava  pêlos femininos,  dedicando às  suas ex-proprietárias, eróticos poemas. De navalhada, por uma  prostituta  que lhe cortou o  membro com o próprio instrumento de trabalho.

 

NOTA DA ETERNIDADE

 

Nada de pressa, brothers.
Todos terão o seu devido lugar:
praças públicas, enciclopédias,
monografias, posters e coração do povo.
Por três séculos,
a crítica oficial
a vida literária
e a conversa de comadres
os manterá vivos na memória popular.
(Enquanto cola e araldite houver.)
Biógrafos,
favor encaminhar currículos
Admiradores,
encaminhar coroas de flores
Todos jazerão
– sorridentes e maquilados –
ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
nas covas rasas da História.

 

ODA (CASI) LOCA

 

1

 

Decididamente
debe haber por ahí una mujer
maniquí 42, sandalias 38, náufraga de la luz,
vaga inclinación por los hot-dogs y los filmes de Fellini,
sin compromisos mayores que no sea el amor.
Ella está tendida en la alfombra de la sala
y secretamente (sin que Dylan en la vitrola lo perciba)
alisa lentamente las rosas del pubis
pensando en la imagen de un poeta que la excita.
Posiblemente un poeta que los críticos tachan de loco,
de esos que los padres de familia llaman irresponsables
y los ejecutivos hacen esperar en las antesalas
(como una flor de plástico)
que germinará en un jarrón)
ajeno a cortesías y corbatas italianas
pero cómplice de todos los cariños,capaz de exterminar un estanque de rosas rojas
de restaurantes y floriculturas,
y donar (por intrépida locura)
las cerezas de todos los dulces martinis.
Ella está sola y despreció la identidad burguesa,
uu vestido francés, un concierto de Shankar,
y pasea (en la imaginación) por verdes praderas
como una yegua sirviéndose de su caballo.
En el escenario que la rodea
un ketchup y un vidrio de esmalte rojo
derraman sangre sobre la alfombra de la estancia.
Es una corza herida de deseo,
mientras tanto, en su deseo no está sola.

 

2

 

Decididamente
debe haber por ahí, una mujer,
estatua viva del más puro mármol,
musa de mil tentáculos, especialista en naufragios,
vaga inclinación por las causas más secretas,
sin compromisos mayores que no sea el amor.
Miss noche, mademoiselle furia,
(está sola en el instante en que guiño los ojos)
en la ventana del apartamento de enfrente,el pico del seno (como un diamante
hiriendo el vitral),
(o) mientras duermo y sueño despierto
(con la aurora de su vientre en llamas),
despierta en su cuarto en América
y envía señales lánguidas de leona acosada
hacia la selva de mi dormitorio.
Decididamente,
debe haber por ahí una mujer,
que me enseñe lecciones de abismo
(y me actualice el deseo tempestuoso del amor)
que me toque profundamente
(como la brasa encendida toca un cigarro)
que me dé cuello y trascendencia
(y me hable de Dios y sexo,
Henry Miller y S. Francisco de Assis)
y responda a cuestiones urgentes de mi ser.

 

¿el amor es una turbación?
¿es una perturbación?
¿una revolución?
¿una realización?
¿un deseo etéreo?
¿un misterio eterno?
¿Cómo comprender el instante y la eternidad
de amar la tierra y el cielo al mismo tiempo,
si tengo la amada que no quiero
y no tengo la amada que quiero?
¿Si mi cuerpo hace lo que no pretendo
y mi alma se regocija con lo que no poseo?
Si el goza de las cosas de lo alto,
(a veces) me eleva el deseo de las cosas de lo bajo?

 

3

 

Esta noche, Dios (en su misericordia)
perdonará los excesos de fragilidad humana
y desconectará mi pedazo de cielo.
Pero aunque me hiera la carne con todas las espinas,ayuno, me mortifican y vejan las señales de la caída,
todo será en vano.
Hoy mi cielo está en la tierra
y el deseo es mi único pastor.

 

Quiero deslizarme como un sol del abismo,
y en el lecho de la noche, en un cuerpo de mujer,
descubrir la paradoja de todos los misterios,
desnudar la plenitud de todos los fracasos,
y en las curvas sinuosas de su cuerpo,
atender las estrellas de la Osa Mayor.

 

Traducción: Margarito Cuéllar

(De Liturgia da Paixão).

 

ODE (QUASE) LOUCA

 

1
Decididamente / deve existir por aí uma mulher, / manequim 42, sandálias 38, náufraga de luz,vaga inclinação para hot-dogs e filmes de Fellini, / sem compromissos maiores que não seja o amor. / Ela está estendida nua no tapete da sala  / de estare secretamente (sem que Dylan na vitrola perceba) / alisa lentamente as rosas do púbis / pensando na imagem de um poeta que a excita. / Possivelmente um poeta que os críticos taxam de louco, / desses que os pais de família chamam de irresponsávele / os executivos fazem aguardar nas ante-salas / (como a flor de plástico / que desabrochará no jarro)avesso a cortesias e gravatas italianas, / mas cúmplice de todos os carinhos,capaz de exterminar o estoque de rosas vermelhas / dos restaurantes e floriculturas, / e doar (por intrépida doçura) / as cerejas de todos os martinis-doces. / Ela está só e esqueceu a identidade burguesa, / o vestido francês, o concerto de Shankar, / e passeia (na imaginação) por verdes pradarias / como uma égua servindo-se do seu cavalo. / No cenário nu que a rodeia / o ketchup e o vidro de esmalte vermelho / derramam sangue sobre o tapete da sala de estar. / É uma corça ferida de desejo, / no entanto, o seu desejo não está só.

 

2
Decididamente / deve existir por aí, uma mulher, / estátua viva do mais puro mármore, / musa de mil tentáculos, especialista em naufrágios, / vaga inclinação para as causas mais secretas, / sem compromissos maiores que não seja o amor. / Miss noite, mademoiselle fúria, / (está só nesse instante em que pisco os olhos) / na janela do apto. em frente,o bico do seio (como um diamanteferindo a vidraça), / (ou) enquanto durmo e sonho acordado / (com a aurora do seu ventre em chamas), / desperta em seu quarto na Américae / envia os sinais lânguidos de leoa acossada / para a selva do meu quarto de
dormir. / Decididamente / deve existir por aí, uma mulher, / que me ensine lições de abismo / (e me atualize o desejo tempestuoso do amor) / que me toque tão profundamente / (como a brasa acesa toca o cigarro) / que me dê colo e transcendência  / (e me fale de Deus e sexo, / Henry Miller e S. Francisco de Assis) / e responda a questões urgentes do meu ser / o amor é uma turbação? // é uma perturbação? / uma revolução? / uma realização? / um desejo etéreo? / um mistério eterno? / Como compreender o instante e a eternidade / de amar a terra e o céu ao mesmo tempo, / se tenho amado quem não quero / e não tenho amado quem quero? / Se meu corpo faz o que não pretendo / e a minha alma regozija com o que não posso? / Se o gozo das coisas do alto, / (por vezes) eleva-me o desejo das coisas de baixo?

 

3
Esta noite, Deus (em sua misericórdia) / perdoará o excesso de fragilidade humana / e descontará a minha fatia de céu. / Mas ainda que me fira a carne com todos os espinhos,jejue, /  mortifique-me e veja os sinais da queda, / tudo será em vão. / Hoje meu céu está na terra / e o desejo é o meu único pastor. // Quero escorregar como um sol de abismo, / e no leito da noite, num corpo de mulher, / descobrir o paradoxo de todos os mistérios, / desnudar a plenitude de todos os fracassos, / e nas curvas sinuosas do seu corpo, / acender as estrelas da Ursa Maior.

 

Siguiente autor >>


©Derechos Reservados - Literatura Latinoamericana mayorbooks@camaleon.com
Diseñado por Camaleón