Horacio Costa
(Brasil, 1954)

 

CICATRIZ

para Shirley Chernitsky

 

I

 

traigo una cicatriz
traigo una cicatriz
en el fondo del ojo
dercho (en mi ojo
bueno)
una cicatriz que nadie
ve
y que alter a mi modo
de ver
traigo una cicatriz
que altera todo
lo que veo
-y lo que por mí he visto, también

 

ella es así –perfecta:
sólo yo sé lo que ella parte
y cose
del mundo en

 

II

 

traigo una cicatriz
estoy frente al espejo
busco mi cicatriz
y no la veo
miro mis ojos
que espejean el espejo
me veo:
un micro-Bronzino,
tal vez

 

donde estámi cicatriz
dentro del ojo derecho
(mi ojo
bueno)
?

 

pienso en la cicatriz
que no aparece
-el ojo, un mar marrón-

 

mi cicatriz
es sólo un ver
mío
(Santos/SP, 23 X 1997)

 

III

 

Esconde el más cristalino mirar
la presencia de una cicatriz,
si al entrar la hoja de la luz
somete la mente a un deshilar

 

y la herida interna se afirma
a cada ínfimo pestañear,
y si ver no precede al entendr
pero se da en índice de un dolor


que no apaga el tiempo, pues remite
al mismo sentido de la visión
el testimonio de la prisión del ser,

 

¿qué, entonces, ya que no es dado aquel
que ve el no ver, ahora y siempre
vivir el ver como condenación?


SP, 1 XI 97


Traducción: Margarito Cuéllar

 

CICATRIZ

para Shirley Chernitsky


I
trago uma cicatriz / trago uma cicatriz / no fundo do olho / direito (o meu olho / bom) / uma cicatriz que ninguém / vê / e que altera o meu modo / de ver / trago uma cicatriz / que altera tudo / o que vejo / -e o que por mim é visto, também / / ela é assim -perfeita: / só eu sei o que ela parte / e costura / do mundo em / mim


II
trago uma cicatriz / estou frente ao espelho / procuro minha cicatriz / e não a vejo / olho meus olhos / que espelham o espelho / me vejo: / um micro-Bronzino, / talvez / /onde está a minha cicatriz / dentro do olho direito / (o meu olho /bom) / ? / /penso na cicatriz / que não aparece / -o olho, um mar marrom- / / minha cicatriz / é só o meu / ver

 

(Santos/SP, 23 X 1997)


III

 

Se esconde o mais cristalino olhar / a presença de uma cicatriz, / se ao entrar a lâmina da luz / submete a mente a um esgarçar // e o interno ferimento afirma-se / com cada ínfimo pestanejar, / e se ver não precede o entender / mas dá-se em índice de uma dor // que não apaga o tempo, pois remete / o mesmo sentido da visão / a testemunha da prisão do ser, // quê, então, já que não é dado àquele /
que vê o não ver, afora e sempre / viver o ver como condenação? /


SP, 1 XI 97

 

CAJA DE AGUA AZUL


Entre el ramaje del árbol desconocido,

 

Caducifolio, ni de Jessé ni genealógico,

 

Un volumen azul sobre una losa, caja de agua

 

De polietileno o poliuretano.

 

Notación distante en el paisaje urbano,

 

Obsedante recordación en el ahora-ahora,

 

Calle Río Poo 108, Colonia Cuauhtémoc,

 

Suites Parioli, México, Capital.

 

 

El mar, no. El mar, no. El mar, no. El mar, no.

 

Un exagero de zéfiros, entonces: el expreso

 

Bajaba la Sierra en Simcas-Chambord tangerina,

 

Rumbo a la bahía divisada entre montañas:

 

A lo lejos, el puerto y las torres, grúas y playas;

 

Al pie la pantanosa tierra, como espaguete húmeda.

 

El talento de la octava real quisiéramos,

 

Su siempre inmarcesible horizonte.

 

 

En el seguía la señora dos veces por año,

 

Cual el orden de las vocales, de los ritos identitarios,

 

A las vilegiaturas; se le había encogido

 

El mundo a la mínima posible trashumación.

 

Más allá del paisaje, a solas aúlla el ingenio,

 

Aquello que en lenguaje transforma la lengua.

 

El árbol que se agita en eterno leño

 

Arraiga en el presente el espectro que mengua.


Iba la señora, ojos de paloma, un único anillo

 

De coral: se cruzó la muerte entre ella y el poema.

 

El mar, no. Caja de agua azul entre predios ajenos.

 

Este el horizonte, marchetado en fragmentos,

 

Reducido a un puzzle en el que el montador

 

A si se ve como una de las piezas que faltan.

 

El ahora no sabe qué dice: memoria vincitrix.

 

Baja una vez más el expreso la carretera de Santos.

 

CAIXA DE ÁGUA AZUL

 

Entre a ramagem da árvore desconhecida,/ Caducifólia, nem de Jessé ou genealógica,/ Um volume azul sobre uma laje, caixa de água/ De polietileno ou poliuretano./ Notação distante na paisagem urbana,/ Obsedante recordação no agora-agora,/ Calle Río Poo 108, Colonia Cuauhtémoc,/ Suites Parioli, México, Capital.// O mar, não. O mar, não. O mar, não. O mar, não./ Um exagero de zéfiros, então: o expresso/ Descia a serra em Simcas-Chambord tangerina,/ Rumo à baía divisada entre montanhas:/ Ao longe, o porto e as torres, guindastes e praias;/ Ao pé a pantanosa terra, como espaguete, úmida./ O talento da oitava real quereríamos,/ O seu sempre imarcessível horizonte.// Nele seguia a senhora duas vezes por ano,/ Qual a ordem das vogais, dos ritos identitários, às vilegiaturas; se lhe encolhera o mundo à mínima possível transumância. Para lá da paisagem, a sós uiva o engenho, Aquilo que em linguagem transforma a língua. A árvore que se agita em eterno lenho/ Enraíza no presente o espectro que mingua.// Ia a senhora, olhos de pomba, um único anel/ De coral; cruzou-se a morte entre ela e o poema. /O mar, não. Caixa de água azul entre prédios alheios./ Este o horizonte, marchetado em fragmentos, /Reduzido a um puzzle no qual o montador /A si se vê como uma das peças faltantes. /O agora não sabe o que diz: memoria vincitrix./ Desce uma vez mais o expresso a estrada de Santos.

 


MexCy9/10IX00

 

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